terça-feira, 17 de julho de 2012

Os fantasmas de João Lobo





Tessituras Urbanas nome da última exposição do fotógrafo paraibano João Lobo fechou temporada no final do mês de Junho na Casa das Artes Visuais, CAV, em João Pessoa-PB. Tive o prazer delicioso de ouvi-lo argumentar sua obra na mesa redonda as vésperas da abertura de sua exposição. Mesmo já fechada e datada essas exposição mexeu tanto com minha noção de mundo que não posso evitar mencioná-la no blog. 

O que João afirmou ser um trabalho fruto de mais de dois anos sorrateiramente se esgueirando pelos becos mais nefastos da capital paraibana, gerou certamente um olhar igualmente fantasmagórico sob essa cultura sub urbana.
A primeira coisa a sentir quando se é deparado com imensos borrões acinzentados em desfoque é medo. Definitivamente: medo. As criaturas borradas, os movimentos capturados por cada balanço da câmera e a iluminação quase de candelabro dos becos do centro da cidade torna tudo sobrenatural. Essas pessoas que ninguém conhece com nomes que ninguém quer saber se movimentam deixando rastros capturados quase religiosamente pelos olhos atentos de João Lobo. São sub-pessoas. São fantasmas da sociedade. Como o fotógrafo mesmo coloca "A fotografia é a arte do irreversível e do inacabado"
Os rostos repetidos e desfocados assombrando o frame inquietam e chocam. Tessituras Urbanas é aquele nó no estomago que todo mundo finge não sentir mas está sempre lá.