sábado, 21 de julho de 2012

A queda da última folha de maple



        O vidro estilhaçado reluzia como espelho à luz da lua através da janela pequena do avião, salpicando a cidade de brilho em pó. Era a cidade mais brilhante que eu já tinha visto. Em uma curva, a asa-lençol do avião descobriu os pontos luminosos vagarosamente, escorregando pela pele nua-cidade.
Era tão lindo o pó das estrelas jogado no chão que, aqui bem do alto, me senti quase uma. Não uma estrela vésper, que brilha até no sol quente da manhã. Não... Uma estrelinha acuada, novinha e com medo do tanto de estrelas que existem no céu. 
Oh, sim, meu caro... O céu é cheio de estrelas enormes e poderosas, cuja gravidade faz girar o mais inoportuno planeta. Mas, não! Eu não! Eu te vejo, mas por mais que você exprema a laranja de seus olhos só me verá em uma noite bem escurinha, sem luz alguma piscando na cidade. Aquelas noites nas quais se pode ver o Caminho de Leite - Pai seu, dele e meu também.