quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Rino attack!

    Raros são os momentos que João Pessoa é colocada no circuito cultural nacional, mas, desta vez, foi uma das duas únicas cidades do Nordeste - junto com Cabo de Santo Agostinho (PE) - a receber a exposição itinerante Rino Mania.  Foram quinze rinos expostos ao ar livre na Estação Cabo Branco - Ciência, Cultura e Arte, durante os dias 17 a 21 deste mês. As cidades pelas quais os rinos passaram foram escolhidas por abrigarem indústrias ou unidades florestais da Duratex, empresa que financiou o projeto aqui no Brasil.
      Originalmente, a Rino Mania foi idealizada pela Wild in Art, mesma empresa responsável pelo Cow Parade, que também rodou duas cidades brasileiras - Rio e Goiânia - com a ideia inicial de desenvolver o turismo em Chester, Inglaterra, e de disseminar a arte pela cidade e provocar sua implementação em ambientes educacionais. Um projeto que o Brasil está gritando por, diria.
        Por essas bandas, a Duratex acolheu o projeto em comemoração a seus 60 anos - pra quem não sabe, a marca possui um rinoceronte como logo - e promoveu a locação de 60 rinos espalhados pela cidade de São Paulo como uma exposição permanente, numa tentativa não só de promover o que os idealizadores chamaram de "Uma selva urbana" mas também de chamar atenção para um animal que está prestes a entrar em extinção e toda a consciência ambiental que envolve o fato.
       Uma das coisas mais interessantes foi a escolha dos artistas pela internet. Foi realizada uma votação no Facebook, onde mais de 150 artistas participaram e apenas 75 foram selecionados - 60 da exposição fixa e 15 da itinerante. Outra que vale uma menção é a interatividade das peças, que podem ser tocadas, apertadas e - perceba - montadas! Sim, você poderia ter montado em um rino na Estação.





         No entanto, precisamos levar em consideração a falta dela. João Pessoa foi precariamente encaixada no itinerário dos rinos, por isso ficou tão pouco tempo, e algumas das bandeiras e projetos que circulam a exposição - como palestras de conscientização ambiental, workshops para crianças, onde elas poderiam pintar seus próprios mini rinos, etc - que caracterizam-na como questionadora e, diria, um protesto irreverente, não vieram a contemplar a cidade. Também, até pelo seu caráter interativo e por termos sido a última cidade, muitas peças estavam danificadas ou com partes faltando (como o rino coberto em papéis coloridos, que havia muitas partes as quais os papéis já haviam caído). 
       Também a empresa que bancou toda a exposição por esses lados do oceano tinha claramente um interesse de divulgação da sua marca e toda a ladainha ambiental surgiu como forma de abrangência e marketing do seu produto. Um rinoceronte. Sério? Eu entendo a importação de importâncias, mas para uma divulgação tão fortemente baseada na preservação ambiental vai aí uma dica bem óbvia: Arara Azul, Mico Leão Dourado, Onça Pintada e tantos outros brasileiríssimos e igualmente ameaçados de extinção. O motivo da campanha não ter envolvido tais animais é bem clara: não era de interesse da marca.
     Os 15 rinos itinerantes foram leiloados e o valor recolhido foi doado para a UNICEF e para APAEs de cada cidade participante da exposição. Agora me diz porque a verba não foi revertida para uma instituição que se dedicasse a preservar o meio ambiente?




RINO MANIA
17~21 de nov - Estação Cabo Branco - Ciência Cultura e Arte
entrada gratuita
http://www.rinomania.com.br/


Todas as fotografias foram retiradas do site Google e tem o único pretexto de divulgação da exposição.