segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Simplicidade perturbadora



    Quando dei de cara com Meu Interior, exposição de Jô Cortez aberta na Estação Ciência desde o último dia 8, me vieram, em cheque, minhas próprias memórias de infância. A simplicidade da técnica, as cores fortes e as constantes referências à flores, pássaros e ao amor - seja ele familiar ou romântico - captura com leveza a essência da inspiração para esse conjunto com mais de 40 obras: O mundo infantil e o imaginário popular. O vermelho, presente em quase todas as telas, se transforma em marca da artista, que através das cores e das temáticas simples consegue atingir quem aprecia suas telas no íntimo de suas próprias memórias. 
         Jô guia os visitantes por um labirinto, o qual transforma a exposição em uma verdadeira instalação, contando com datashow, almofadas e, a um certo ponto, nos leva a visualizar uma parede na qual pequenas telas estão dispostas nas parede em porta-retratos, similar a um álbum de família. Mas, a meu ver, o cume da exposição está na parede de espelhos pequenos arquitetada a contra luz. Eis que no meio do labirinto surge essa parede e o expectador, já no meio do devaneio infantil, consegue embarcar numa metáfora quase referenciada numa metalinguagem totalmente interna. O espelho sendo a imagem da imagem. As telas sendo a imagem da imaginação. Jô Cortez consegue como poucos artistas fazer com que o público se relacione com a sua obra.
         Como a exposição está virada para o poente, fica ainda mais linda e viva se for vista às 16h. Vá ouvindo o álbum Sou de Marcelo Camelo que dá um toque complementar à reflexão sobre ao trabalho. Tire seu tempo e não saia do labirinto sem ter ouvido o CD completo, um ar nostálgico vai prender sua mente às telas e à sua própria memória. Impossível não se sentir completamente revirado.




Exposição Meu Interior - Jô Cortez
Local:  Estação Cabo Branco - Ciência Cultura e Arte | Segundo piso da torre Mirante
Período: de 8 a 30 de Outubro
Entrada gratuita